terça-feira, maio 24, 2005

e-Latim: Gladiadores

Durante cerca de sete séculos, as as lutas de gladiadores foram o espectáculo preferido dos romanos.
Os gladiadores eram lutadores profissionais que se apresentavam em público no Coliseu e em outros anfiteatros do Império Romano, para combater entre si ou contra animais ferozes.

Os jogos gladiatórios, de origem etrusca, consistiam numa luta até à morte entre servos e escravos num ritual fúnebre para homenagear o morto e tranquilizar o seu espírito.
O primeiro espectáculo conhecido ocorreu no século III a.C., em 264, quando Brutus e seu irmão Marcus realizaram um combate de três duplas em honra do seu pai falecido no Foro Boarium.
Durante a República os jogos foram perdendo o seu carácter fúnebre e em 105 a.C. passaram a ser financiados pelo estado, atraindo cada vez mais público. Essa espécie de exibição caíu rapidamente no gosto popular crescendo em proporção.

Os Gladiadores
Eram recrutados para as lutas prisioneiros de guerra, escravos e autores de delitos graves. Ser proprietário de gladiadores e alugá-los era uma actividade profissional legítima. Os homens livres também competiam e na República romana, metade dos gladiadores era formada por eles. Os homens livres eram muito procurados pelo seu entusiasmo durante os combates tendo sido o gladiador mais famoso um homem livre, Públio Ostório que fez 51 combates em Pompéia. A fama e a admiração feminina eram factores que motivavam esse estilo vida. Menos comum era que um romano de alta posição social, mas arruinado, se alistasse como gladiador de modo a garantir a própria subsistência, ainda que de maneira arriscada.
Alguns imperadores, como Cômodo (180-192) e Calígula (37-41), ficaram famosos pelas suas participações em combates “arranjados”. Os gladiadores tomavam o cuidado de não magoar os imperadores, proporcionado um espectáctulo teatral. Outros sete imperadores também actuaram na arena, entre eles, Tito (79-81) e Adriano (117-138).

O Treino e Quotidiano
Para proporcionar um excelente espectáculo ao público, os gladiadores eram sujeitos a um severo treino aprendendo a combater com bravura e a morrer com dignidade. Em Roma, Alexandria, Pérgamo, Cápua e em outras cidades do território romano existiam várias ludi gladiatorii, as escolas de gladiadores.
Na primeira fase de treino aprendiam a lutar com as próprias mãos e mais tarde com armas de madeira, depois substituídas por armas de metal, sem corte. No entanto, as contusões e ferimentos eram frequentes e por isso, os gladiadores eram assistidos por bons médicos. Concluído o treino, o gladiador estava pronto para combater, normalmente duas ou três vezes ao ano.
A disciplina nas escolas era rigorosa, imperando a lei do chicote. A desumanidade era tamanha, que alguns lutadores revoltavam-se até mesmo suicidando-se.

O Espectáculo
O desfile dos gladiadores abria o programa com uma volta à arena em formação militar. Diante do camarote principal em sinal de homenagem, aclamavam: “ Bom dia imperador! Os que vão morrer te saúdam!”
Seguia-se um combate simulado com espadas de madeira até o toque de clarim anunciar o combate real. Os lutadores que manifestassem medo eram conduzidos ao centro da arena sob a ameaça de chicotes e ferros em brasa.
Cabia ao gladiador vencedor a decisão sobre a vida ou morte do seu oponente. O derrotado ferido, à mercê do adversário, erguia o indicador para implorar clemência do público.
As venationes eram os jogos com a presença de animais. Um tipo especial de gladiador, o bestiarii entrava na arena exclusivamente para lutar contra animais trazidos de várias partes do território romano, principalmente do norte da África e do Oriente Médio.
O público aplaudia com veemência cada aparição, agitava lenços em uma saudação emocionante. Durante os jogos o povo apreciava ver seu imperador descontrair-se e seguir com atenção as lutas demonstrando seus sentimentos.
Embora tenham decaído com a chegada do cristianismo, os espectáculos de gladiadores sobreviveram por mais de um século à proibição de Constantinus I, no ano 313 d.C.
http://www.ciapavanelli.com.br/circo%20romano.htm